segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Declaração Solene dos Povos Indígenas do Mundo

No ano de 1975, representantes dos povos indígenas do mundo inteiro reuniram-se em Port Alberni, no Canadá, e fizeram a seguinte declaração:

Nós, povos indígenas do mundo, unidos
numa grande assembleia de homens sábios,
declaramos a todas as nações:
Quando a terra-mãe era nosso alimento
quando a noite escura formava nosso teto, 
quando o céu e a lua eram nossos pais, 
quando éromos irmãos e irmãs,
quando nossos caciques e anciãos
eram grandes líderes,
quando a justiça dirigia a lei e a sua execução,
Aí, outros civilizações chegaram!
Com fome de sangue, de ouro, 
de terra e de todas as suas riquezas, 
trazendo em uma mão a cruz
e na outra a espada.
Sem conhecer ou querer aprender
os costumes de nossos povos, 
nos classificaram abaixo dos animais.
Roubaram nossas terras e nos levaram
para longe delas, transfomando em escravos
"os filhos do sol".
Entretanto, não puderam nos eliminar, 
nem nos fazer esquecer o que somos,
porque somos a cultura da terra e do céu,
Somos de uma Ascendência milenar
E somos milhões,
E mesmo que nosso universo inteiro seja destruído 
NÒS VIVEREMOS
Por mais tempo que o Império da morte!

(Conselho Mundial dos Povos Indígenas, Port Alberni, 1975. In: Katsue H. Zenun e Valéria
                  M.Adissi. Ser índio hoje: a tensão territorial. São Paulo, Edições Loyola, 1998.)

Falando de... sociedade

A propriedade é um roubo?

Vávios pensadores discutiram e questionaram o mandamento que diz "não furtarás", recebido por Moisés. Na visão de alguns deles, para que esse mandamento seja realmente cumprido, não deverá haver no mundo um só necessitado e injustiçado.
De acordo com o filósofo suíço Jean-Jacques Rousseau (1712 - 1778), a propriedade privada, isto é, particular, foi criada pelo primeiro ser humano que teve a ideia de cercar uma parte da terra e dizer "isto é meu"... e encontrou pessoas ingênuas o bastante para acreditar nisso. Se alguém tivesse arrancado as cercas e gritado: "Não! Impostor!", teria livrado a humanidade de inúmeras injustiças, crimes, guerras, assassinatos, desgraças e horrores.
Alguns pensadores afirmam que a propriedade é um roubo. Segundo eles, o fim da propriedade privada traria o fim das desigualdades sociais e o nascimento de uma nova forma de sociedade, na qual a igualdade (social e econômica), a liberdade e a solidariedade seriam uma realidade humana. Já houve sociedades assim. As comunidades indígenas brasileiras, por exemplo, desconhecem a propriedade particular. Os primeiros cristãos também pensavam dessa maneira e formaram a primeira comunidade cristã com base na propriedade coletiva. (Atos 2, 42-47)



Este poema nos traz algumas reflexões sobre o tema:

Quem é que rouba quem

Deus nos mandou não roubar, 
Roubar o quê? E de quem?
Roubar é subtrair
Alguma coisa de alguém

Em geral, todos condenam
O ladrão de mão armada...
Mas quem roubou o ladrão,
Que não tem direito a nada?

Querem a pena de morte
(E Deus mandou não matar!)
para quem caiu no crime
e vive só de furtar...

Mas e quem tem ouro imenso
Feito de trabalho escravo
E não ajuda o empregado
Nem com sorriso ou centavo?

Pecado é roubar um tênis?
E quem tem terras a arar,
Não produz e priva o pobre
Do direito de plantar?

A criança que vagueia
Na rua, pedindo esmola,
É bandida! E o ladrão
Que não a fez ir à escola?

As prisões estão lotadas
De criminosos, ladrões, 
De tantos, foi a injustiça
Que esfriou os corações!

Disse Deus: não furtarás!
E ainda ouvimos sua voz!
Mas não disse só a uns poucos, 
Dirigiu-se a todos nós!

Só quando todos no mundo
Tiverem justiça em vida, 
Veremos a lei de Deus
Inteiramente cumprida!

(Poema de Dora Incontri)


terça-feira, 2 de outubro de 2012

CONTANDO UM CONTO...

O velho e seu neto

Era uma vez um velho muito doente. Todas as vezes que se sentava à mesa para comer, mal conseguia segurar a colher. Derramava sopa na toalha. O filho e a nora ficavam com nojo. Acabaram colocando o velho para comer atrás do fogão. E o pior é que nem lhe davam bastante comida. O velho olhava aquilo com muita tristeza. Certo dia, suas mãos tremeram e a tigela caiu e se quebrou. A mulher brigou com ele. Ela comprou uma tigela de madeira e o fez comer ali. Um dia, o neto do velho, que era um menino de quatro anos, estava brincando com uns pedaços de pau. O pai perguntou o que estava fazendo. O menino respondeu que um cocho, para o papai e a mamãe poderem comer quando ele crescesse. O marido e a mulher se olharam e começaram a chorar. Depois daquele dia, o avô voltou à mesa e passou a comer junto com todos e, quando derramava alguma coisa, ninguém dizia mais nada.

( Irmãos Grimm. Recontado em: William J. Bennett. O livro das virtudes. Rio de Janeiro,
Nova Fronteira, 1995.)


O Couro de Boi

Essa história é uma música antiga (gravada pela primeira vez em 1954, por Palmeira e Biá) e muito conhecida. Composta por Teddy Vieira (autor do Menino da Porteira) em parceria com Palmeira, a música Couro de Boi retrata a situação de abandono dos idosos pela própria família.


Couro de Boi
Composição: Palmeira/Teddy Vieira

Conheço um velho ditado, que é do tempo dos agáis.
Diz que um pai trata dez filhos, dez filhos não trata um pai.
Sentindo o peso dos anos sem poder mais trabalhar,o velho, peão estradeiro,
com seu filho foi morar.
O rapaz era casado e a mulher deu de implicar.
"Você manda o velho embora, se não quiser que eu vá".
E o rapaz, de coração duro, com o velhinho foi falar:
Para o senhor se mudar, meu pai eu vim lhe pedir
Hoje aqui da minha casa o senhor tem que sair
Leve este couro de boi que eu acabei de curtir
Pra lhe servir de coberta aonde o senhor dormir
O pobre velho, calado, pegou o couro e saiu
Seu neto de oito anos que aquela cena assistiu
Correu atrás do avô, seu paletó sacudiu
Metade daquele couro, chorando ele pediu
O velhinho, comovido, pra não ver o neto chorando partiu o couro no meio e
pro netinho foi dando
O menino chegou em casa, seu pai foi lhe perguntando.
Pra quê você quer este couro que seu avô ia levando
Disse o menino ao pai: um dia vou me casar
O senhor vai ficar velho e comigo vem morar
Pode ser que aconteça de nós não se combinar
Essa metade do couro vou dar pro senhor levar


Em 1955, Palmeira e Biá escreveram aquela que seria a Resposta do Couro de Boi, ao qual o filho arrependido chora sobre o túmulo do pai e pede seu perdão.


Respeite os idosos, você também será um.